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Escrever sempre foi um hobbie e uma forma de tratamento para os momentos mais difíceis ao longo da minha formação como indivíduo. Nunca imaginei que meu trabalho viria ao encontro de tantas pessoas. Que tantos se identificariam com os sentimentos com os quais lido em meus trabalhos. Criei esse blog como um backup de minhas poesias, por medo de que se perdessem caso não as tivesse em rede. Hoje tenho um público cada vez maior e que, mesmo com minhas prolongadas ausências, continua a acompanhar minhas postagens. Agradeço pelo interesse, de verdade.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

Joia azul

Sempre admirei e invejei seu brilho.
A joia no centro da coroa, ornada e reluzente.
Seu brilho, sobrepujante, me intimidava.

Eu, pedra bruta, afiada e áspera. um cascalho na bota.
Mas as areias do tempo me poliram. 
Fui moldado pela pressão, pelos ventos da tormenta.
Parei de desejar ser aquilo que não era. Não sou.

Hoje, vejo o empalidecer de seu brilho.
As fissuras da dor ameaçam lhe romper, fragmentar.
Sei que o verdadeiro brilho não está na joia, mas na luz que ela irradia.
E essa luz é o seu Eu verdadeiro.

Essa mesma luz, que me ofuscava e fazia sombra, também iluminou minhas trevas.
Nesse brilho, eu me busquei, mas não me achei.
Mas encontrei o caminho que me levou para casa.

Mesmo que eu não sejamos parte da mesma rocha matriz, você faz parte do que eu sou hoje.
Meu rival, meu inimigo, meu conselheiro, meu mentor, um pai.
Seu brilho vai continuar iluminando meu caminho, como uma estrela solitária apontando meu norte.
Obrigado por tudo.

Luto

Quando a avalanche de sentimentos transborda pelo coração, os olhos inundados, desfocam. Janelas da alma embaçadas. Minha despedida é um choro calado, enquanto os céus desabam suas lágrimas de luto. Seu modelo me inspirará para sempre e levarei a lapidação de suas palavras gravadas no peito. Com amor, e não lamentos, eu digo até breve. Nos encontramos novamente nos campos aquarelados de sua arte.

sexta-feira, 28 de junho de 2019

Lagarto

Como lagarto trocando de pele, largo meus pedaços.
Renovo a carne viva, raspando nas pedras ásperas da vida.
Evito cobras e cobranças, constritoras e peçonhentas.
Procuro um pouco de sol e rastejo para a sombra da minha toca.
Pouco importa. Tenho sangue frio para enfrentar a dor.
Mas, de cabeça baixa, me encolho e fujo, deixando um pedaço de mim para trás.

quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Repressão


Povo sem sorte,
Na vida e na morte,
O Estado censura.
Na mão do carrasco,
O desgosto, o asco.
Ao rico, fartura,
Ao pobre, tortura.
Tragédia esparsa,
Jocosa é a farsa,
Ao tolo, fiasco.
Grito calado,
Destino selado
Beira do penhasco.

domingo, 8 de abril de 2018

Rotina de Agonia

A rotina é uma besta que me caça.
Uma agonia escondida sob a carne viva.
Cada dia, uma sentença a ser cumprida.
Cada hora, açoita as costas cansadas.
Cada minuto, um grão de areia de uma tonelada.

Sala de Espelhos

Sinto a vida escorrendo pelos dedos... Vidro líquido espelhando meu ser fragmentado e desconexo. Corro atrás de estilhaços, enquanto o futuro se afasta para o infinito vazio. Meu agora é uma sala de espelhos refletindo escolhas difíceis. Sou a criança com a pedra na mão.

Morte em Vida

O sol sangra, apunhalado pela noite. 
Morre o dia, em agonia plácida. 
A escuridão me recolhe para suas vísceras. 
Frio e chuva escorrem pelos vidros turvos de meus olhos. 
A cada respiro, uma balada fúnebre para minha morte. 
Cada batida no peito, é o relógio tocando meia noite.
Estirado sobre o leito, em que jaz meu corpo, adormecido, ou morto, os lenços e lençóis molhados. 
Lágrimas que do teto escorrem, sob a implacável gravidade da vida.

terça-feira, 10 de outubro de 2017

Ícaro ou Dédalo

A dor da alma se espelha no corpo.
As vespas que engulo, destilam seu veneno em meu estômago.
Apago a luz de minha vela, para manter acesa a fogueira daqueles que me incendeiam.
Atrás de um pouco de alívio, afundo cada vez mais na escuridão plácida que me consome.
Corro entre os espinhos que me cercam, minhas pétalas se despedaçam, enquanto continuo sorrindo.
Entre meu ranger de dentes, o alvo sorriso da angústia se destaca.
Devo me conformar com as cinzas, que minhas pétalas se tornaram, parar de ousar voar perto demais do Sol?
Seria eu Ícaro em busca fadada ao desastre, ou Dédalo em um lúgubre labirinto, construido de esperanças vãs, aguardando meu monstro/carrasco?

terça-feira, 4 de julho de 2017

Ópio

O veneno em tua boca
Anestesia minha dor
Acalenta em teu seio
Meu desejo
Acalma minha alma
Com teu beijo
No seu límpido néctar de flor
O mais puro êxtase de prazer
No âmago do teu corpo
Minha alma reflete em teu espelho
Cristalino orvalho da manhã
Meu corpo é um com o seu
Mas o sonho se encerra
No raiar frio do dia
Minha mente grita em agonia
Procura e tenta te alcançar
Sinto a amarga abstinência
De, ao longe, te amar.

terça-feira, 6 de junho de 2017

Soneto da Dor

Guardo meu sentimentos em gaiola de aço
Aqueles que me machucam ou me desgastam
Estão em poemas em que eu me desgraço
As vezes, apenas palavras já não me bastam.

Poemas felizes já não me agradam,
Só poemas sobre sofrer me vem a mente.
E que apenas estes minha alma invadam,
Desejando paz, derramo sangue quente.

Estupida-mente me empurrando para o abismo profundo,
Descarrego o sentimento, sem pensar no futuro.
Estou preso no infinito do agora e me vejo no escuro.

Em meus sentimentos, baratos e vis, eu afundo.
O medo me perseguiu, no calar do escrito.
Estou agora calado, trancado, restrito.

Por Que(m) Escrevo

Meu coração em prantos urra a dor da incerteza.
O desconhecido futuro é o mais negro dos augúrios.
O incerto se faz por claro o mais sombrio.

Me engasgo em palavras tortas, duras de engolir
Descarrego uma torrente dolorosa de sentimento
Escrevo como se dependesse disso para viver,
E não dependo?

Sufocando no medo que me paralisa,
Enterrado em pesadelo acordado,
As correntes que me pesam
São grilhões de sangue vertente.

Se eu conseguisse escapar do mal que me cerca,
Se eu encontrasse luz neste abismo sem fim,
Se o monstro, medo, que me devora fosse morto
Se houvesse paz em mim...

Escrever-te não iria.

As Duas Faces da Violência

A violência nunca é gratuita.
Ela custa caro...

Custa o sofrimento da mente.
O tormento da alma.
A dor da carne.

A cada mão que bate,
A cada coração que para de bater,
A cada palavra dura.

Um rosto apanha,
Uma mão empunha a arma,
Uma boca vocifera.

Agressor e agredido
Cara e coroa da mesma moeda
Tão visceralmente unidos em dor.

Conflito

O presente é a cela solitária da minha prisão perpétua.
Tento ver o futuro pelo buraco da fechadura, vislumbro as sombras distorcidas dos meus medos.
Meu único crime foi meu passado, ou teria sido o distino?

Julgamento

No julgamento onde:

Deus é juiz,
O Diabo promotor,
A Fortuna advogada,
E o Destino juri,
Eu sou o reu.
Decisão unânime.
Culpado.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

O Roubo da Paz

Busco por algo que me foi tirado
A paz roubada de minha mente
O tormento que me foi ofertado
Retumbante em meu peito
Consome minha energia lentamente.

Se desejar minha segurança é defeito;
Imaginando que o mundo fosse perfeito,
Me deparei com a brutal realidade
Que me tirou toda tranquilidade;
Então que o medo seja aceito.



Filha Ingrata

Dor,
Filha ingrata de nossa alma
Mama nossas lágrimas ao peito
Dorme aninhada em nosso coração.
Quando desperta,
Brada por nossa atenção
Nos toma como seu refém.
Acalantamos até que ela durma
Nos dedicando a conforta-la
Até que ela volte a gritar no peito.

Faxada Destruída

Vago como um cego por ruas sinuosas e estreitas,
Ludibriado com as mentiras nunca pronunciadas.
A realidade é uma faxada que oculta algo negro.

Erro crente na segurança justa da civilidade.
A barbárie me cerca e eu não vejo, não sinto.
A violência é uma adaga oculta na mão de um assassino.

Minha mente se estilhaça em fragmentos finos de medo,
A faxada é destruída em apenas um instante lúcido.
A adaga entra fundo na'lma e me desola.

Abro meus olhos aflitos e enxergo a brutalidade.
A sujeira vil que a escória do mundo alimenta.
Cambaleante, ferido, eu vago por ruas sinuosas e estreitas.

Agora eu vejo e tudo que desejo é voltar a ser cego.


Paranoia

O medo rasga as cortinas da normalidade com suas garras agudas. Rastejando de dentro das frestas escuras da mente, enterrando fundo suas raízes malditas.
O silêncio é o som dos pesadelos acordados. Gritando de dentro do cárcere do peito, batendo forte nas paredes do coração, o pânico me oprime. 
Afundo em angustia, me afogando em grito calado, enquanto o medo me empurra para baixo, para dentro...


sexta-feira, 4 de novembro de 2016

O Martírio de Atlas

Pesada a carga sobre os ombros
Um mundo alheio em suas costas
O sofrimento calado de um dever hercúleo.

Largar tudo, desistir e virar as costas para todos?
Aguentar sozinho, com sorriso amargo, o peso eterno?

Respostas fáceis. Palavras frias. Problema insolúvel.
O que fazer sobre tamanho fardo?

Meu sofrimento é observar, preso a correntes,
O sofrimento de uma alma irmã em sua punição sem crime
Enquanto sou devorado vivo.

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Jogo de Azar

Castelo de cartas marcadas
Jogo de azar sem vencedores.
Tente a sorte, puxe uma carta
E veja o mundo inteiro ruir.

A Dama de Copas foi descartada
O Valete de Paus foi posto na mesa.
Coringa na trinca e um Ás na manga
Aposta muito alta para você. 

Peões sacrificados, 
A vida em xeque. 
Baralho de sonhos queimado
E fim de jogo.


quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Tal Como as Cicatrizes

Dediquei belas palavras tal como belos sentimentos
Sacrifiquei versos, tempo, sangue e lágrimas
Investi mais do que podia esperar receber.
Cada poema que foi recitado com juras de eterno amor
Cada letra, sílaba, sentimento posto a limpo
Um desabafo sincero, um pedido de socorro, uma alma aflita.
A cada momento que passei, refleti e mudei
Mas as palavras são eternas enquanto tal
Mesmo que o sentimento tenha passado,
A poesia ficou. Tal como as cicatrizes.

O Silêncio

O remédio para o coração ferido
O veneno que destrói a alma

A resposta do sábio
A afronta do rude

O esconderijo da dor
A morada da calma

Terno nos beijos
Profundo nas lágrimas.

Entre os Dedos

Entre os dedos escorrem os momentos
Únicos em cada gota cristalina
Em um oceano de lembranças.

Tentamos preservar o presente na memória
Mas como o gelo fino que se desmancha
Tudo vira passado evanescente.

Como as águas do rio mudam
Mudamos nós em seu leito
E o que fomos se desfaz a cada marola.

Somos apenas um reflexo trêmulo  
Distorcido na água corrente
Do que um dia já fomos.

Nadamos futilmente  contra a correnteza
Tentando reverter o curso do tempo
E acabamos afogados em nostalgia.






Admirável Gado Novo

Manada humana pastando sonhos
Ruminando ideais e idéias prontas
Ração matinal

Vagando em campos cercados
Com bela vista para o mar
De costas para o matadouro

A manada é guiada junta
Pelos ferozes cães leais a lei
Que com ladrados e mordidas a conduz

Os pastores, do alto espelhado, assistem
O espetáculo que é a manada em curso
Em rumo eterno para lugar algum.

 


Corda-Bamba

Andamos cotidianamente sobre uma corda-bamba
Sobre um profundo e obscuro abismo sem fundo
Inevitavelmente iremos, um dia, enfim cair lá.
Deus, para quem acredita, é a rede escondida no escuro.

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Rotina

Sigo empilhando corpos sobre a pia
Detrítos, atrítos e pratos
Prisioneiro em fuga, de si
Desejo, compromisso e sono.
A rua se abre plena
Pura, desnuda e atrativa
Dos desejos e anseios,
Amante casta, devota e ingrata
Dos vícios sem virtude se faz mãe
Das desilusões, das desgraças.
A casa, prisão, paraíso
Do lar, do afago e amparo
Ao sufocante descontentamento.
Do dia a dia se faz tormento
De sua falta, o lamento.
Lar e rua, como sol e lua
Juntos em um.

Lembrança Afogada

O vento, aríete implacável, que arrasa os sonhos e a fantasia,
É a voz do tempo que leva a vida dos incautos adormecidos
Que se arrasta rápida pelas dobras da ampulheta da agonia
Areia fina, de oníricos castelos desmanchados e esquecidos.


A nostalgia nos convida a reviver o que perdemos
Mas que profundamente enterramos no peito rígido
Por mais dolorosa a lembrança a qual esquecemos
O esquecer é afundar em turbulento mar frígido.

A corrente leva rápido para o turvo e profundo fim
Como a areia que o vento leva, a vida passa veloz
Sem ar, sem voz, adormecida jaz, sob véu de cetim
Mas a lembrança segue viva, nas asas de um albatroz.


segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Deserto de Silício

Telas cheias não preenchem nosso vazio
A máquina sem alma não alivia nossa dor
Afundamos nas teias ardis
E quanto mais fundo entramos na rede
Mais nos afastamos de nós.

Escudo de covardes, tolos e desgarrados
Descarados e mascarados
Habitantes da terra de ninguém
Onde o jester é rei.

Almas secas, solitárias e esquecidas
Seres sem face que nos cercam
Deserto virtual
Do silício, o silêncio omnipresente.

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

O Pesadelo Emerge

Contemplo o vazio semblante
O espelho que reflete o medo
Sentimento frio que acalenta minha noite

Olhos que me espreitam
Bocas que me devoram
Garras negras que rasgam a luz

Sou tragado para dentro do pesadelo
Gritando para acordar,
Enquanto me debato futilmente

Os gritos acordam as bestas
Sou devorado em agonia viva
E a morte se recusa a me salvar

Desperto do sonho, o pesadelo emerge
A realidade gélida que me angustia
Que voltem as bestas, que me salvem da dor

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Evanescência de um Sonho

Na aurora do acontecer 
Infinita possibilidade do não ser 
No limite extremo do saber 
Contendo tudo e nada ter 

Na aurora do amanhecer 

Tudo pode acontecer 
Contudo acabo por esquecer 
E seu sentido termina por se perder.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Calabouço Interior

Carrego menires no peito
Cada pedra uma lembrança,
Trancafiando-me por dentro.

Vozes gritam do cárcere
Vozes veladas,
Caladas no ímpeto
Vozes geladas,
Sussurrando entre as frestas da mente.

Entre as pedras que me esmagam em seu peso
Entre gritos e gemidos do passado
Ossos partidos e sangue derramado
Ainda brota uma flor na umbra.

Da vida a angustia não se desprende, como pele
Mas haja vida, haverá um caminho para florir
 Em meio à escuridão.


quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Vela

Dançando debilmente
Sobre pendão delicado
Desdobrando-se com deleite,
Seu movimento complicado

Como outrora já ardera,
Queima agora sem descanso
Como pira da lareira
O olhar, que paira manso.

Vendo a morte chegando,
Como o sol que se põe
Com o dia acabando,
Pouco faz e não se opõe.

Deixa a chama se extinguir
Bailarina pousa e para
Chama deixando de existir
Sua dança acabara.  

Título em Branco

Visualizo o nada que escrevi.
Um branco apagado de sentido
Tão completo em sua inexistência.

Há algo mais pleno de sentido
Que a completude do não ser?

Ser o nada e ainda assim sentir tanto!
Como o vazio profundo da alma,
Como a profusão plena do coração ferido.

Ainda assim buscando sentido,
Para o nada que escrevo,
Acabo encontrando tanto de mim.

Epitáfio do Presente

Se fui e não sou mais,
Onde está quem era?
Onde estará quem sou?
Onde estava quem serei?

Sou um agora constante
O passado, afogado no tempo
O futuro, evanesce em pó

Estou tão preso na rotina,
Que se tornou fugir dela.

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

A Fera

Brutal fera, alimentada no fogo de desejos infecundos
e angustias maliciosas.

Investe, a besta, contra seu inimigo ardil
Cavaleiro/menino, pretensioso e arrogante,
tal como a própria fera.

Belicosa e jocosa, a fera se traveste de inocente
Sob a pele de cordeiro, escamas de dragão.

Contra o jovem, seguro de si, a besta avança
-Como ousa afrontar-me com sua presença
em meus domínios?
- ruge a besta.

- Como vós, sou orgulhoso, bravio e ouso desafia-lo!
- brada o cavaleiro.

A fera, covardemente, devora o pequeno oponente
e em suas vísceras o digere lentamente.

Anos se desenrolam, nos intestinos incandescentes,
o jovem cresce enclausurado.

Das tripas da fera, usurpador cavaleiro ressurge, ousando, a fera,
novamente desafiar.

A luta perdura eterna
na memória distorcida e doente da besta,
que segue a pelear contra a ilusão de seu adversário.

O cavaleiro, hoje livre, cavalga feliz ao por do sol,
deixando a fera sozinha a devorar à própria cauda.

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Homens-Brinquedo

Somos brinquedos. Peças pequenas, engolidas por uma eterna criança mimada. Soldadinhos de plástico derretidos no fogo da guerra. Somos peões descartados do jogo. Bolas murchas chutadas para escanteio. Somos usados, abusados e estamos sempre disponíveis em varios modelos de diferentes cores, marcas e preços. Estamos a venda. Em promoção!
Mas eu sou de uma edição limitada, não estou a venda, só para mostruário.

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Perdendo Tempo

Devora-me o eterno segundo
Como grãos rubros de areia
Escarlate sangue, vertente da veia
Deixa-me meio morto, moribundo

A Cada minuto perdido
Horas transformam-se em anos
Segredo de mim escondido,
Como realizar os meus planos?
                 
Festeja seu banquete,  o corvo
Nesta ampulheta, já sem areia
Última gota do rubro sorvo
Nesta bíblica, última ceia


quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Meta Poesia

Lendo minhas obras,
Filhas órfãs de mãe,
Outras almas,
Me reencontrei

O passado, hoje me é plácido
Ontem fora guerra e sangue
Acabado, mas não esquecido

Venci, venço, vencerei
O tempo corre para frente
E eu busco sua sabedoria

Me encontrar com esse velho eu
Essa criança que eu era
Que eu sou
Me torna mais adulto

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Apenas Sonhos

Eramos sonhos que se perderam na noite longa
Acordamos em carne estranha, material pesado
Não podemos flutuar como antes
Nem dormir tranquilos, porque o dia é curto

Somos pesadelos acordados, em vidas secas
Áridos de fantasia e imaginação
Presos no chão frio de cimento e terra

Morremos quando esquecemos de nossos sonhos
Mas quando deixamos de viver nessa carne
Voltamos a ser apenas sonho, evanescente no ar.

Festa do Tempo

O Antes já foi, trazendo o Agora
O Agora chega rápido e agita a festa
Mas mal se percebe,
Chega o Depois e acaba com a graça
Para começar tudo outra vez 
Quando o Depois vai embora
Voltando o Agora.

Em Face ao Espelho

Eu vejo o que me tornei
Juntando os cacos do que passei
Do que vivi e aprendi
Do que jamais aprenderei

Eu vejo a idade aumentando
O tempo vai me devorando
Dia a dia leva embora
As lembranças de outrora

Se estou errado ou estou certo
Não me importa isso agora
Não estou longe nem estou perto

Tanta vida posta fora
Neste espelho, em frente a mim
Percebo que sempre fui assim

Natureza Humana

Banhamos o chão com o sangue irmão
Desde as cavernas até os arranha-céus
Os motivos se mascaram em novas faces
Mas o homem permanece igual

Como na guerra, na vida
Assim perdura nossa sina
Nosso ódio nos alimenta
A mão que cuida e arrebenta

Buscando a satisfação em cada gesto
Em cada olho um brilho frio
E segue assim o mesmo rio
E desce no estomago, indigesto

O homem é vil e desprezível
Assim como sempre fora
E quer disfarçar sua vilania
Culpando a outros os crimes que cometia

Seremos enfim verdadeiros,
Quando o último de nós jazer morto
 Assassinado por seu ego

Interpretando a Vida

Você diz que mudou
Que cresceu
Melhorou

Eu digo que mudei
Que cresci
Melhorei

O que mudamos foram os papeis
Do que nunca passou de uma encenação
Uma encenação sobre ser o que somos
O que queremos ser

Nem mudados
Crescidos ou
Melhores

Apenas em novos papeis
Dessa peça cômica
Que chamamos vida

Crescido

Sou completo e vazio
Um misto de possibilidades irrealizadas
Um repleto de ontens e de hojes me compõem
O amanha é uma incógnita

Não sou melhor ou pior do que era
Estou diferente, mas igual ao que sempre fui
Sou aquilo que penso ser, mas não sou o que imagino
Aquilo que não sou e queria ser, já se foi
Já acabou o tempo de ser poeta, cavaleiro, guardião, bobo ou sábio

Restou-me a realidade que me acolhe
Não questiono, ou questiono os viés que a vida trouxe
Agora, não importam mais
Estou completo e vazio

Preenchido de agora, sacio o depois
E o antes já é história
 

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

A Morte da Poesia

Perdi o combustível que queimava meu peito
A dor que conduzia
A mão que escrevia

A poesia esgotou-se como fonte seca

A alma, tranquila, não precisa mais dela
Tudo resume-se ao dia a dia monótono
Minhas asas negras foram amputadas

Afogado pela dor, eu respirava versos

Suspirava rimas, desabafava estrofes
Mergulhava em mim mesmo

A dor se foi e só restou o branco do papel

Seguro, mas vazio e desolado
A poesia foi morta
Para que eu permancesse vivo

Divina Comédia

Ganancia brigou com Orgulho porque queria ficar com Luxuria, Ira se meteu na discussão e acabou batendo na Inveja que estava de olho no que acontecia, Preguiça tentou apartar a briga, mas achou que daria muito trabalho... No fim Gula comeu o bolo.

sexta-feira, 16 de março de 2012

O Medo

Enraizado no profundo oculto
Alimentado de incertezas
Suspira aliviado
Contra a fútil resistência vã

Imperador de suas decisões
Responsável pelo desamparo
Exaurindo suas forças pouco a pouco
Mergulhando-a nas sombras

Você não tem porque teme-lo
Não tem razão para enfrenta-lo,
Se ele te proteje de todos
Enquanto te aprisiona em si mesma

Mas agora outro sentimento aflorou
Tão profundo quanto poderoso
E pouco a pouco suprime o parasita,
que recua para o lado escuro do peito

Esse sentimento te renova
Te alimenta e te mostra a luz
O que tanto temia se mostra lindo
Sua prisão, aberta, retrocede

Está livre para ver o mundo
O medo não mais governa
O que te motiva é quente
O que te motiva é meu amor.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Amor

Você faz parte do meu corpo
Corre como sangue nas minhas veias
Pulsa no meu peito,
A razão do meu respirar
É seu amor e nada mais puro será

Minha alma transborda nas lagrimas
Que dos seus olhos escorrem
Como o sangue que por ti derramaria
Como o fogo que por ti arde

Somos dois meios de um todo
Que separados, nada somos

Fragmentos de pensamentos
Escoam por entre nossas almas
Fios de puro sentimento
Materializado em emoção

Todo nosso amor cabe em uma lágrima
Uma palavra, um gesto bobo ou um abraço
Por ser tão simples quanto complexo
Por ser tão inexplicavel e completo
Amor.

Minha Boneca

Em seu mundo cinza, vivia a menina
Como uma boneca numa caixa vazia
Um mundo frio e sem vida
E era assim mesmo que ela queria

Uma doçura infinita, afogada pelas duvidas amargas
Desconfiava de tudo, e não olhava pra nada
Só para o próprio vazio do seu coração empedrado

De seu mundo cinza, via a chuva caindo
O sol brilhando e as nuvens passando
Nada era mais belo que as folhas verdes
Ou o céu azul, mas não no mundo cinza

Ela ouvia as musicas que sua alma pedia
Como portais para o mundo em que não vivia
Apesar de ser o que seu coração mais queria

Encontrei essa caixa isolada na sombra
Aonde eu mesmo me escondia
Mas agora era dia
E do sonho a boneca acordara.

Fantasma do Amor Passado

O que quer de mim, fantasma maldito?
Sua sombra pestilenta me traz memórias
E dessas, nenhuma me convém lembrar
Mas sim apagar da lembrança o que um dia aconteceu

O que traz sua imagem, além de desprezo e rancor
E por que ainda sinto o asco e degradante desejo de perdoar
Talvez para aliviar minha vergonha, dos erros que cometi
Talvez, talvez você não fosse um erro afinal?

É isso que quer que eu sinta?
Esse é o chamarís de sua armadilha?
Bom... Não desta vez

Por mais que doa a verdadeira face,
Que se esconde sob o olhar inocente
Um demonio é um demonio
E sebe bem dissimular suas presas

Minha carne já sofreu o teu pecado
Minha alma já corrompeu-se com seu tormento
Meu coração já sangrou com sua lâmina
E agora não acredita mais em assombração.

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Autopiedade

Tudo que eu sinto é autopiedade
Como mais um ridiculo autoretrato caricaturado
em uma parede morta

Como é que posso descansar agora?
Se estou transbordando de palavras pessimistas
E de pensamentos negativos?

Até um bom pesadelo seria mais reconfortante,
Que uma noite insone, olhando meu reflexo
Com muita pena de mim mesmo para apagar a luz e dormir.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Contraste

De que serve o belo sem o feio?
O mundo é feito de contrastes
Mas quem define seus padrões?
O que pode ser dito belo por meus olhos
Será medonho ao seu ver
Algo sentimental e melancólico
Que rasgara sua delicada integridade
Abalando sua percepção
O que pode ser julgado, comparado
É amado ou odiado em ambas faces
Bem e mal são metáforas humanas
E só pros homens se faz lei
Mas na realidade são só contrastes
Vermelho sangue no preto vítreo
A morte a e vida por um fio.

Caminho Só

Caminho sozinho
Todos estamos sós
Caminho calado
Ninguém vai me escutar
Caminho no escuro
Não quero enxergar

Não tenho caminho
Todos estamos perdidos
Não tenho razão
Só temos motivos
Não tenho certeza
E quem poderia ter?

Estou cansado
Outros já dormem
Estou infeliz
Outros já choram
Estou desesperado
Outros já desistiram

Caminho só
Só caminho
Por não ter aonde parar
Por quem parar


De Fora da Caixa

Me convença
Mostre-me que posso ser feliz
Me dê uma prova de que o sol é quente
De que o céu é azul
Diga-me que o dia é belo
De que a chuva não vai me machucar
Prometa que vai me amar
Mas não me abandone aqui no escuro
Que é tudo que conheço
Tudo que eu tenho
E que a mim não pertence.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Cruelmente Humano

Perdoai-me ó ofendidos
Palavras minhas, por vezes ferozes
Perfuram a carne e a paz de um instante
E espalham a moléstia da discórdia atroz

Perdoai-me pelos desafetos
Pelos desrespeitos e pelos defeitos
Sou por minha vez, vítima e carrasco
Da minha própria lâmina de pretensão

Soam cruéis, minhas palavras
Como soa desatenta, sua percepção
Não posso negar-lhe o direito de odiar-me
Se não me nego o fardo de ser enfim feliz na vida

Não desejai-me mal, apenas não me deseje
Sou tudo aquilo que não pode ser quisto
Sou a imagem oposta do paraíso e do destino
Sou apenas humano, imperfeito e estúpido

De tantas palavras minhas,
Desperdiçadas pelo tempo sem fim,
Apenas poucas são verdades
Mas de tais, quais serão as que ouvirás?

Palavras Víeis

Palavras são armas perigosas
Afiadas, cortantes e venenosas
Enterram no peito profundamente
Atravessam a alma,
Inflamam na mente

Palavras são agulhas aguçadas
Cheias de crueldade e malícias
Delicadas, disfarçadas de delícias

Armadilhas que nos prendem ao tocar
Nos olhos as palavras vão entrar
E da mente não poderei mais tirar

O eco seco do seu mau-olhar
Me causando sempre um mal estar
Então guardai pra si tais ameaças
Estas palavras, suas desgraças

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Romantismo

Flores e palavras não vão lhe conquistar
Somente o tempo pode provar
Que é amor que desejo lhe dar
E não uma paixão que logo irá apagar

terça-feira, 1 de novembro de 2011

O Que O Amor É

O amor é uma fábula
Contada por cada coração
Não é mais real do que se faz
Não é menos doloroso do que se sente

O amor é uma planta
Brota sem plantar
Cresce sem regar

Liso ou espinhento
O amor fere
Quem planta ou quem toca
Quem sou passou pra olhar

O amor é ave
Voa alto mas aterriza
As vezes quebra as asas
E desaba

Mas das cinzas
O amor revigora
Morre, mas retorna
Como fênix encantada

Planta Carnívora

Plante uma semente
Cuide dela
Faça brotar
Crescer
E no fim ela irá devora-lo

Resposta Errada

Eu só desejo encontrar uma resposta que satisfaça minha dor
Mas tudo que encontro são perguntas dolorosas de se fazer

Morte em Vida

Quero me casar com minha dor, o meu passado e meu destino
Meu futuro obscurecido pela luz do meu presente
Escorrem os dias entre meus dedos
Como gotas de sangue enegrecido
Cada minuto leva um fragmento da minha vida
Como um grão de poera ao vento.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Bebado Apaxonado

Doce nectar dos sonhos acordados
Me leva para um mundo louco, semi-lúcido
Aonde somos todos loucos e reis do nada

Viva a serenidade da insanidade adquirida
Em seus doces goles de insensates
Que me fazem errar as palavras
E ainda assim ser feliz

Dias que a noite vira eterna
E a eternidade nada mais vale que um segundo
Tormento de vezes em vezes que a voz da conciencia me agride
Gritando para despertar do meu torpor feliz

Ignoro meus lamentos egocentricos
E concentrado no que me importa de verdade
Caio de braços com meu amor
Encurralado por um dilema simples:
A ressaca trará o meu amanhecer, então que seja eterna a noite!

Reviver

Como posso descrever o que é meu amor?
Uma chama queima e morre
Uma gota seca
Um suspiro se vai perdido no tempo
Mas meu amor é vivo

Tanto sangrei pelos pulsos
Tanto chorei lagrimas sangrentas
Tanto me enganei no amor cruel
Mas nunca entreguei-me a derrota

Meu coração ainda pulsa
Moribundo e sanguinolento
Como um soldado ferido, me levanto
Dentre os mortos, ainda ergo a face frente a dor

Não desisti perante as derrotas infieis
Não entreguei-me as trevas sedutoras
Nem mesmo a morte me derrubou

Mas entrego-me de corpo e alma
A este novo amor que me trousse a redenção
E mais, me deu motivos pra viver.

Poetizando

Escrevo palavras
Que se perdem no tempo
Como fragmentros perdidos
De uma realidade esquecida

Pequenos devaneios
De dias que vivi
Escritos de forma tão viva
Que me fazem duvidar de minha autoria

Quem sou eu, se não um simples sonhador
Mas de que se tratam os poemas, se não de sonhos
Concebidos no sonhar acordado de um poeta
Desapercebido de seu dom irreal.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

De Que Basta?

De que me basta talento?
Se deste só provem lagrimas?
De que serve ter vida?
Se desta nenhum amor resta?
De que basta ter fé?
Se nenhum Deus me escuta as preces?
De que adianta estar diante a ti?
Se já é tarde demais para mim?

quarta-feira, 2 de março de 2011

Romântico Incorrigivel

Flores e presentes não dizem o quanto posso amar
Palavras são muito pouco para descrever
Sentimentos confusos demais pra poder lhe falar
Mas que nunca me canso de reviver

Apesar que sempre seja mal compreendido
E todas as vezes tenha sido abandonado
Eu ainda sofro por este meu coração bandido
Que continua sempre estando apaixonado

Não me preocupo com quantos tombos eu levei
Nem quantas vezes irei sofrer sem razão
A realidade é que sempre fui e sempre serei
Um romântico incorrigível e de coração

terça-feira, 1 de março de 2011

Soares de Passos No Escuro

Ouvir Soares de Passos
Ecoando pela sala obsucura
Enquanto o escuro mente
Invadindo a mente escura

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Então Foge

Você foge da verdade
E depois me procura
Com cara de choro
Implorando que te escute

Eu sei o que vai falar
E eu sei que não quer ouvir
Que vai fugir de novo
Porque a verdade dói

Que que você quer de mim?
O que mais eu posso fazer?
Já fiz de tudo por você
Sem você perceber

Quando é que vai crescer
Parar de olhar pra si
Tão mimada e perfeitinha
Que não sabe nem o que dizer

Então foge,
Foge,
Foge para bem longe
E não volte a me incomodar

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Sobre Seu Túmulo

Nenhuma boa lembrança para recordar
Nada de bom para comentar
Tudo que fez foi atrapalhar

Mas a sua pena já foi cumprida
E sua punição foi sua própria vida
Que agora se encerrou de forma tão trágica

Sinto, mas não lhe tenho piedade
Talvez seja até crueldade,
Mas eu não vou ser hipócrita
Nada de mentiras, não sentirei saudade








(descanse em paz...)

A Morte De Um Homem Sem Amigos

Como você pôde cultivar uma vida de solidão
Afastando de si a todos que se importavam
Agora está velho e só aguardando a própria morte

Os fantasmas do passado lhe fazem presença
Aguardando para lhe arrastar para o escuro
Não existe esperanças agora e você sabe

Seus últimos momentos de vida você vai passar
Na melhor das companhias
E a unica que ainda lhe aguenta
Sua própria sombra

Os últimos suspiros lhe escapam pela boca
Desejava estar amparado nesta hora?
Talvez você devesse ter pensado nisso antes

Seu corpo foi encontrado atirado no chão
Do mesmo jeito que havia caido, permaneceu
Só e esquecido

Futilidade

Você olha nos meus olhos e o que vê?
Apenas a cor azul, verde e cinza?
Ou consegue ver dor que eles carregam?

Eu sei que você se interessou por eles
Mas não quero ser só mais um na sua noite
Então pare de perder nosso tempo

Sei que posso parecer um brinquedo bonito
Mas minha boca não é material reciclável
Então desista porque não estou interessado


Escrevendo a Vida

Um dia serei o escritor de minha vida,
Hoje apenas componho meus sonhos
Com versos simples e de pouca rima

Mais Um Dia Cinzento

Já são sete e meia da manha
O relógio grita ao meu lado
Mas eu já estou acordado

Passei a noite toda olhando para o escuro
Procurando as respostas
Do que me atormentava
Mas do silêncio, nenhuma palavra

Tenho que me levantar
Está na hora de voltar a viver
Aquelas mentiras do dia a dia

Olho pela janela embaçada
Mais um dia cinzento me aguarda
Dou o primeiro passo para fora do quarto
Querendo dar meia volta e me deitar


terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Redenção

Perdoá-me, mas não vou me desculpar
Cansei de lhe dar satisfações
Agora eu vou ser mais forte do que era
E vou encarar meus erros

Chega de dar desculpas para o vazio
Eu cometi meus pecados
É hora de crescer com eles
Como degraus para redenção

Passo a passo, encontro a luz
Reneguei-me a aceita-la por tanto tempo
E agora eu tenho medo
Mas sigo em frente para fora de minha prisão

Ergui minha bandeira de liberdade
E me tornei independente de sua companhia
Agora é você que precisa de mim
Mas vai ter de encontrar outra saída para suas duvidas


Garotinho Solitário

Não gosto do garotinho solitário
Que me encara no espelho
Ele me pede ajuda e não sei o que dizer
Estou confuso também

Ele me encara nos olhos
Exigindo uma atitude
Mas a garganta não responde
Apago as luzes e me escondo

Seus olhos na escuridão
Procurando as respostas
Que eu não tenho
Estão tão assustados quanto os meus

Ele me deu sua mão e fomos
Procurar nossos caminhos
Sei que a noite é fria
Mas eu não estaria mais só

Ele me lembrou da coragem que eu tinha
Da determinação de ser alguém
E da força de meus desejos
Que nem a solidão enfraquecera

Eu tinha medo de crescer
Medo de encarar a minha vida
Mas ele estava ali, o garotinho
Pra me mostrar que eu ainda era o mesmo
E que ele não me abandonaria

Ninguém Gosta

Não gostaria de me destacar
Por ser o barulhento
Por estar quebrando o silêncio
Ninguém gosta do meu barulho

Não gostaria de ser a sombra que escurece o quarto
E não quero ser o único calado
Por não ter nada para falar
Ninguém gosta do meu silêncio

Não quero ser o diferente
Por que não sei ser igual a ninguém
Mas me recuso a ser uma copia
Ninguém gosta de imitações

Não queria ter de gritar por dentro
Minha dor enjaulada no peito
Mas não sei a quem pedir socorro
Ninguém gosta de ajudar

Não gostaria de ser o louco
Que sempre tem algo a acrescentar
Nas frases mortas do cotidiano
Ninguém gosta de me escutar

Não sei porque eu ainda tento mudar
Eu perderia o sentido do que sou?
Eu gostaria de apenas deixar de ser
Ninguém gosta de tentar

Eu gostaria de ter forças e me levantar
Erguer a cabeça para enxergar
Acima do que eu vejo de mim
Ninguém gosta de se enxergar

Eu gostaria de ser amado
Por alguém que desejasse minha ajuda
Que procurasse meu apoio
Ninguém gosta de ser dependente

Eu não gosto do que eu fiz
Perdi o sentido pela luta
Travada em vão e abandonada
Ninguém gosta da derrota




Problemas do Rafa (2)

Em seu desespero infantil
Sua atitude é fútil
Destrói o sentimento de amizade
Forçando algo que não é verdade

Acorde para realidade
Seu tempo já passou
E a culpa foi dessa personalidade

Não me condene por seus erros
Pare de maldizer meu nome
E cale seus berros


Problemas do Rafa

Eu não vou cair na sua cilada
Eu não sou seu brinquedo e você sabe
Você sabe e não aceita que acabou

Se você pensa que me conhece, esta enganada
Agora quero que isso se acabe
Não é a primeira vez que você não me escutou

Olhe pra si e veja como você esta errada
Quero que desista e que não se gabe
Essa relação foi você quem estragou

Brinquedo Quebrado

Por que eu choro por quem não se importa?
Por que eu grito se ninguém me escuta?
Por que eu me iludo com sua fantasia
E a realidade me derruba numa poça de dor

Eu procuro ser o salvador das suas crises
E acabo me condenando a sofrer em seu lugar
Sua retribuição é uma covardia infiel
E minha pena é encarar minha solidão

Não consigo encarar o espelho
Cruelmente me acusando de minha ignorância
Boa vontade e solidariedade
Escondo as intenções de ser amado

Agora você finge estar arrependida
Me implora perdão como sempre fez
Me implora atenção e compreensão
Mas não posso ceder ao desejo de lhe afagar

Agora é a chance de aceitar a verdade
Não quero ser seu brinquedo
Eu quebro e sangro, mas você nem se importa
O que lhe importa é o prazer de minhas palavras doces
Enquanto faço a digestão de seu veneno amargo

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Olhos Clementes

Perdido, no escuro que a cerca
A certeza e o incerto unidos pela palavra
Duvida

Como será agora a resposta correta,
Se nenhuma pergunta foi proclamada em alto tom?
Apenas foi sussurrada pelos olhos clementes
Calados pela vontade oculta

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Ratos Humanos

Crianças como ratos
Pelas ruas das cidades
Devorando nossos restos
Nos fazendo sentir importantes

Devemos ser coniventes
Inconscientes ou indisplicentes
Quanto a estas crianças e adolescentes?

De quem se deve a culpa
De quem se deve a responsabilidade
Seria da prefeitura?
Dos pais?
Ou da sociedade?

A Madrugada É Minha Musa

Minha criatividade
É um sonho acordado
Em que o sono domina a mente
E me leva a lugares sombrios

A madrugada é uma musa
Que me inspira a escrever
Mesmo sem ter o que dizer
Continuo a tentar

Nesse sonhar acordado
Brigando com minha escuridão
Acabo por compor das estrelas
Uma nova poesia

Tempo Perdido Não Se Encontra Mais

Se você perdeu seu tempo
Acho que será difícil encontra-lo
Porque o tempo voa
E passa muito rápido

Perdendo Tempo

Me preocupo tanto com o tempo
Que gastei
Que não tenho
Que queria ter
Que não uso
Que deveria aproveitar melhor
Que acabo só perdendo meu tempo

Lacaio do Tempo

Faço de tudo para lhe agradar
Tentando conseguir o melhor de você
E você sempre me domina
Mostrando o quanto sou insignificante pra você
Acaba por me tirar a vida lentamente
E no final de tudo
Só restará você ao meu lado

Palavras Assassinas

Corro atrás de palavras já ditas
Como flechas mortais
Elas acertam o alvo

Não há volta
Um rosnado de fúria
Fera ferida no peito

Minhas palavras venenosas
Acabaram assassinando nosso amor
E não há mais nada o que dizer

Afundando na Ampulheta

Caminho num terreno arenoso
Meu presente se desfaz sob meu caminhar apressado
Como quem foge das sombras
Como quem teme seu escuro interior
Estou correndo antes de afundar
Na areia movediça de meu não viver
Tarde demais
A areia traiçoeira me engole as pernas
E sufoco-me em sonhos não realizados

Arqueologia de um Poeta

Reencontro tesouros esquecidos de meu trabalho
Há muito enterrados no passado distante
De dias que a muito tempo já morreram

Um Prato de Felicidade Para Dois

Felicidade é um prato fervendo.
Tão quente que nunca aproveitamos o suficiente.
Quando esfria se torna tristeza indigesta.

Álbum Incompleto

Sou álbum de figurinhas incompleto
Existe um espaço em branco dentro de mim
Persisto em repetir o erro
De preencher com qualquer uma
Esta lacuna que continua aberta no peito

Tentei encontrar a carta certa
Já procurei em mil baralhos
Nenhuma se encaixa no vazio
Nenhuma satisfaz a solidão

Estou com sede de amor
Em um deserto de amizade
Onde me enterro pela vontade
De não ser só um amigo

Lacuna aberta na alma
É ferimento sem curativo
Tudo aquilo que eu precisava
É tudo aquilo que não consigo

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Infecção das Drogas

Infestação imunda
Antro de podridão
Uma doença infecciosa
Espalhando essa epidemia de covardia e fraqueza mental
Se entregando a infecção dos desejos primitivos
Por prazer puro e simplorio da carne
Destruindo o que é mais sagrado e precioso
A própria humanidade

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Purificação no Álcool

Alcool, doce nectar dos homens
Nas fraquezas lhe faz mais forte
Mas na realidade lhe consome a vida

Vida ingrata de solidão, aflição e covardia
Abracei hoje meu corpo atirado no chão
E degradei-me ao sofrimento

Álcool queime meu corpo
Purifique essa alma tão suja
Mas não consuma este pobre fígado
Que lhe recebe com tanta alegria

Destrua essas lembranças
Despedace meu peito
Mas não permita
Que eu me entregue a meu desejo


A Procura Pelo Caminho

Estou mergulhado até o pescoço
No eterno rancor
Presente de meu passado
Presente está essa dor

Agora viajo perdido
Pela trilha que me foi ordenada
Sara que um dia vou encontrar
O outro lado da estrada?

Vagando perdido pelo escuro
Talvez um dia encontrarei
O que tanto procuro

Mas até esse dia chegar
Eu sofrerei as mágoas sozinho
E o que resta é continuar a sonhar
Que acharei o meu caminho

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Como o Escuro

Como eu desejava
Ser como o escuro
A nada prender-se
Volátil no vácuo
Queria desaparecer para sempre
E encontrar meu lugar nas sombras

A cada dia vai ficando mais forte
A minha verdade está clara
Não pertenço a este lugar
Não pertenço a ninguém

Como o espinho de uma rosa
Sangro quem se aproxima demais
Eu não tenho a solidão por desejo
É por uma necessidade

Ser como o escuro
Próximo e intocável
Presente em todos os lugares
Em todos os corações

Jamais ter de sangrar novamente
E para sempre pertencer a um lugar
Separado do mundo

Quando a Vela Apagar

Escute o seu respirar
Aproveite um último olhar
Enquanto a ultima luz
Não se apagar

A vida abandona a chama
O fogo está morrendo
A vela se apaga

Não há lugar para mentiras
A verdade está clara
O escuro sempre revela nossa realidade

Somos o que vemos no escuro absoluto
Absolutamente nada

Nuvem de Tempestade

Sou como uma nuvem
Que persiste chovendo
Mesmo com o sol brilhando

Acabo afogando a felicidade
Em tantas lágrimas que sangrei

Tudo que espero é que um dia
Essa chuva se acabe
E me deixe secar em paz

Chovem estilhaços de dor
Lágrimas congeladas no tempo
Rasgam meu coração

Quando eu acordar quero ver o sol
Mas aonde estou há apenas a escuridão
Das nuvens de minha tempestade interior

Perguntas Para Um Espelho

O que me faz ser assim?
Isso me torna falso?
O que falo é mentira?

Se estou me mentindo,
Quem estaria falando a verdade?
No que devo confiar?

Nada do que Era

Flores são belas
Morrem cedo
A beleza da vida
Dura muito pouco

A tristeza sempre acompanha meus passos
Oculta pela minha dissimulada fantasia

Ter amado
Ter odiado
E agora não ser nada
Do que eu era

O que é verdade?
No que estou me mentindo?
Me perdoei, oh ofendidos

Ser cínico à realidade
Ser falso com minha pessoa
E com tudo,
Ainda tentar fazer o certo

O que meu coração quer me dizer?
Grita no peito, mas não lhe escuto

Acalmar o ódio
É o que tento
Sem sucesso

Agora, pergunta retórica...
Ódio de que?

Necropsia

Analisadas as causas da morte
Não foi mal súbito, ataque fulminante
E nem fora por causa do corte
A causa da morte foi a vida entediante

A situação, agora tão frustrante
O corpo, aberto em recorte
A mente vaga em sono distante
Sem esperanças de que um dia se acorde

Espírito, agora ambulante
Vaga pela sala
O que houve, não mais importante
Quando a sua voz se cala

Terminados os exames:
O óbvio se declara
O motivo de tal sacrilégio
A razão estava clara
Morrera de fora de tédio